Exposição individual "Memorabilia", Centro de Cultura Dr. Henrique Ordovás Filho, Caxias do Sul, 2002

21/11/2012 06:32

 

A ideia em Memorabilia foi recuperar uma parte de minha história e minha prática artística, analisá-la e reorganizá-la, e fazer uma espécie de balanço. Havia uma sensação de ciclo fechando, e eu precisava ter isso visualizado plasticamente. Utilizei principalmente uma vasta documentação fotográfica que eu vinha acumulando há anos, e que registrava meu processo de criação, o ambiente do meu atelier, imagens de obras acabadas e das exposições que realizei, onde se incluíam fotos de familiares e amigos. Também recorri a um acervo de imagens alheias encontradas em revistas e livros de arte, e que eu coletava como inspiração também há anos. 

 

 

Memória, fotos e plástico decorado

 

A exposição resultou em quatro obras criadas especificamente para o local, usando material com características particulares. Coração concentrou as memórias afetivas, agrupando as fotos de parentes e amigos no formato de um coração, coberto por um véu de plástico transparente decorado com estrelas e sóis. Memória agrupou o material ligado ao processo criativo e imagens de atelier e exposições. Com ele construí uma forma de casa em sua configuração mais sólida e sumária - telhado, porta e janela - apontando para o fazer como uma história, uma construção, uma crítica e um lugar de habitar e ser. Mundo das Ideias, por sua vez, foi elaborado apenas com um spray dourado aplicado em círculos na parede, abaixo tendo um pedestal de ferro pintando de preto. Refere-se ao processo ideativo, o ato de criar em sua primeira manifestação, e aos lampejos da memória, e sua materialidade rarefeita e formas geométricas sugerem a abstração do intelecto e a concentração no essencial. O pedestal negro é a matéria.

 

Mundo das Ideias, spray e pedestal

 

A última obra se chamou Descendência, um desenho a grafite feito diretamente na parede com a forma de árvore. Sobre ele, foram aplicadas inúmeras imagens de segunda e terceira geração de obras de Duchamp, Magritte e outros artistas das vanguardas modernistas, junto com desenhos em papel e fotografias de outros trabalhos de minha autoria, como se fossem folhas da árvore. Sobre o tronco foram aplicados fragmentos de um retrato de Duchamp. Quis fazer um comentário bem-humorado a respeito de minhas principais filiações estéticas durante aquele período, em que entre minhas preocupações centrais estava trabalhar a questão do meio como mensagem proposta por MacLuhan e a questão da ruptura como ilustrada pela obra de Duchamp. Entre essas obras incluí um espelho com colagens de imagens de anjos medievais, e um poema que falava dos ciclos criativos.

 

 

 

 

Exposição Memorabilia,

Centro de Cultura Dr. Henrique Ordovás Filho, Caxias do Sul, 2002

Ricardo Frantz, 2012

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Ricardo André Frantz